terça-feira, 15 de março de 2016

"HACKING CÍVICO" e Governo Aberto ... !


1.  DIA DE DADOS ABERTOS

Nos dias 5 e 6 de Março de 2016 realizou-se mais um "Dia de Dados Abertos" .
O "Dia de Dados Abertos", do anglo saxónico "Open data Day" é uma reunião global de cidadãos em cidades à volta do mundo para escrever aplicações, libertar dados, criar visualizações e publicar análises utilizando dados públicos abertos e, deste modo,  mostrar apoio e incentivar a adoção de políticas de dados abertos pelos governos locais, regionais e nacionais de todo o mundo .
O apelo a manifestações públicas de Cidadania Ativa nunca é demasiado para um mundo em profunda mutação. De um modo geral, a espécie humana encontra-se em um daqueles "joelhos da história" em que a volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade das opções entre governantes e governados conduz a desencontros que só podem ser resolvidos através de grandes manifestações de apoio e reforço da ideia de Cérebro Social e Inteligência Coletiva.

2. NECESSÁRIO Aprender "CIDADANIA DIGITAL" através da ABERTURA E LIBERTAÇÃO DE DADOS

Uma Cultura Aberta ( Open Culture), não emerge por geração espontânea. Tem de ser "semeada" e em seguida alimentada com os "nutrientes" necessários e úteis para a fazer proliferar. Neste sentido é neessário perguntar sobre o que é expetável que aconteça em jornadas globais de "Dados Abertos". Entre muitas outras possibilidades que só a fértil imaginação humana produz, podemos citar as seguintes :
·         Saber mais sobre Dados Abertos.
·         Descobrir como o governo local, regional e nacional pode fazer muito mais para promover a abertura e libertação de dados.
·         Envolver-se com entidades sem fins lucrativos e empresas locais para o uso de dados abertos de suporte a novos produtos e missões
·         Reunir e  interagir com milhares de pessoas tanto ao nível local como de todo o mundo.
·         Expressar a sua opinião e compartilhar idéias com as pessoas e os meios de comunicação social presentes.
·         Saber mais sobre os aplicativos que estão ou vão ser criados, e começar a utilizá-los também.
·         Ajudar ao Desenvolvimento através da conceptualização , criação, design, propaganda e teste de aplicativos.
·         Realizar Sessões Tutoriais Abertas em volta do tema do Uso de Dados Abertos, por exemplo :como aprender a personalizar o Google Maps para mostrar dados e contar uma estória ( uma Storydata ).
·         Fazer tudo isto em ambiente de muito empenhamento e alguma diversão.

3. HACKING CÍVICO ( A CIVILIDADE E A CIDADANIA INTELIGENTE )

Como o nome do evento afirma " Open Data Day : Code Across, a weekend of civic hacking all around the world " estamos perante manifestações de HACKING CÍVICO " ou Civilidade Inteligente, praticada  por pessoas muito lúcidas e empenhadas de todo o mundo e que, ao invés de hostilizar os produtos de dados, maturais de uma sociedade de informação intensiva, os abraçam como forma de promover o aumento da Transparência e da Responsabilidade, ao mesmo tempo que criam e lançam as bases aplicacionais para Políticas e Processos de Cidadania Ativa .

4. TRANSPARÊNCIA E "ACCOUNTABILITY"

Num mundo de informação exponencial, os dados são a matéria prima essencial para a conceptualização, desenho, implementação, entrega e monitorização de novos modos de Estar e de Ser numa sociedade que reclama Transparência e "Accountability".
Não deverá ser possível continuar a gerar e a gerir dados públicos sem que estes possam entrar no "pipeline" com extração de utilidade e a posterior utilização plena pelo Cérebro Social, quer dizer ao serviço das Pessoas.
Aprender "Cidadania Digital" e promover a Libertação de Dados Abertos, estimular o desenvolvimento do "Hacking Cívico" para o exercício de uma Cidadania Inteligente, e o permanente escrutínio do Exercício do Poder aumentando os níveis de exigência sobre Transparência e "Accountability" na acepção da medida de Responsabilidade, são "nutrientes" de base para o fortalecimento da Consciência sobre a importância acrescida do Cérebro Social, contudo, deve-se  ter sempre muito presente que o Governo Aberto é … com Dados Públicos Abertos, e, portanto com POLÍTICAS ATIVAS PARA DADOS ABERTOS .

Francisco Lavrador Pires
Engenharia, Inovação e Desenvolvimento Organizacional

(1)    O termo hacking não tem o sentido negativo que normalmente associamos a roubo de identidade e de dados. 
(2)    Avaliador Externo em Projeto “CEJ – Carta de Condução para o Emprego Jovem”
Program  Cidadania Ativa, Fundação Calouste Gulbenkian

(3)    Saber mais : http://opendataday.org/

domingo, 13 de março de 2016

Cidadania e Emprego – Desafios com Futuro(s) !




O modo de organização e funcionamento da sociedade atual determina uma forte pressão sobre os regimes e a natureza do trabalho / emprego em ambientes de tecnologia imersiva e intensiva.
As tendências sobre o desemprego são de um modo geral negativas, sendo que o fenómeno se agrava em populações jovens e de um modo ainda mais evidente  em ambientes de risco socio-económico desfavorecido.
Os fenómenos de desemprego crescente são uma espécie de «bomba» ao retardador que, para além de exercer uma influência imediata no dia a dia das pessoas, coloca dificulades na manutenção de sistemas de sustentabilidade e de relacionamento inter-geracional.
Por estes elementos se percebem os contornos de um problema de dimensão estratégica, sobre o qual são urgentes programas de promoção da noção de emprego , por forma a que a sociedade reforce um pilar essencial da sua convivialidade, e que se relaciona com a promoção da atividade/trabalho como centro organizazador da vida das pessoas numa sociedade e economia volátil, incerta, complexa e muitas vezes ambígua.

Processos Inovadores de intervenção sobre o desemprego

Na problemática do desemprego, como em qualquer área ou setor do mundo atual, os processos de alteração permanente encontram resposta em termos de implementação de processos de inovação contínua.
De facto, para além da necessária fase incial de capacitação das pessoas para o desempenho de uma determinada área de atividade, urge promover a excelência através da construção de modelos de procura ativa de emprego, para que a competência inicial para o ato ( fase inicial de construção do(s) sabere(s) seja complementada com processos comunicacionais das competências adquiridas, e, muito importante, a preparação das pessoas  para a monitorização continuada sobre as condições do mercado de emprego e a busca permanente de enriquecimento do curriculum vitae no sentido da manutenção das condições de empregabilidade, através de formação contínua ao longo da vida.
Através do “Cidadania Ativa” , um Programa inovador em Portugal, integralmente dedicado a projetos da Sociedade Civil , a Fundação Calouste Gulbenkian aprovou o projeto Carta de Conduçao para o Emprego Jovem apresentado pela PROefa – Associação para a Promoção da Educação e Formação de Adultos, tendo em vista a construção de capacidades nos jovens, para a oportunidade estratégica de conduzir um curriculum vitae e as relações com empregadores , lançando mão de uma analogia com a carta de condução automóvel, naquilo que consideramos uma aproximação inovadora de intervenção pedagógica “interligando” os conceitos de condução automóvel com a condução para o emprego.

Políticas Ativas para uma Sociedade com Emprego(s)  e uma Economia de Partilha - “Sharing Econony”

O desenvolvimento de ações contínuas de reforço da cidadania pela via da criação de empregos é uma oportunidade estratégica e mesmo um imperativo ético.
Uma sociedade de informação intensiva está permanentemente a gerar alterações de contexto, o que, se devidamente perecebido, provoca a emergência de novas necessidades que podem ser colmatadas através de novos perfis de emprego. O entendimento das condições de empregabilidade devem orientar os jovens para a vigilância contínua das suas condições de empregabilidade, e aqui, uma vez mais, o conceito de Carta de Condução para o Emprego Jovem, releva aspetos essenciais e colmata uma lacuna dos sistemas de educação e formação atuais, na medida em que pretende agir sobre a monitorização das condições de empregabilidade e da melhoria dos processos de interação/comunicação com os empregadores.
A sustentabilidade de uma sociedade com Emprego(s) deve ancorar-se no reforço de uma Economia de Partilha ( Sharing Economy ) o que, desde logo abre espaço a mais inovação, através da implementação de Espaços de Criação Inteligente de Empregos “Partilhados” ( Co-Jobing )  , de resposta a ofertas de emprego “partilhadas” ( Co-Lancing ) , de acompanhamento no desenvolvimento de situações de emprego (job shadowing and mentoring )  e de todas as atividades de Descoberta de novas metodologias em EDTECH para a promoção do Ensino e da Aprendizagem como o ensino por pares ( Co-teaching)  e a aprendizagem partilhada ( Co-learning ) , as quais podem desempenhar ações essenciais de promoção do emprego jovem pela utilização de novas tecnologias de suporte aos modelos de apremdizagem.


A ideia de Economia da Partilha ganhará com a amplificação de políticas ativas, reforçadas por uma triade concetual composta por Cidadania, Formação e Trabalho , e com dinâmicas de ciclo virtuoso capaz de ajudar a encontrar soluções envolventes e relevantes, num cenário internacional que, por ser adverso , se assume como um grande desafio que urge enfrentar através da mobilização das pessoas e da inteligência coletiva que constitui o cerne do seu cérebro social .

Francisco Lavrador Pires, (Engº)
Avaliador Externo do Projeto CEJ - Carta de Condução para o Emprego Jovem
Programa Cidadania Ativa  
Fundação Calouste Gulbenkian, EEA Grants

Imagem - Global Challenge Insight Report 
The Future of Jobs, WEF - World Economic Forum